ONDE SE COMETE OS MAIORES ERROS DE UM LABORATÓRIO E COMO EVITÁ-LOS
- Abdias Barbosa – Gerente Técnico da TeclaborLtda /
- 26 de jan. de 2016
- 7 min de leitura

1.0 – ONDE SE COMETE OS MAIORES ERROS DE MEDIÇÃO
Os maiores erros de um Laboratório, não importa o seguimento, acaba vindo da vidraria utilizada, incluindo aí as microvolumes (micropipetas), que erram muito também, apesar do pequeno volume dispensado, pois se utiliza toda vidraria volumétrica, micropipetas, microsseringas etc., sem nenhuma calibração ou identificação. Como não tem calibração, não terá por consequência a correção do erro de medição, que em Micropipetas quando novas pode chegar 0,7 a 0,8% nas melhores marcas. Estamos falando de erro, temos que somar aí a Incerteza Expandida também.
Todos os Laboratórios cometem erros, mas estes devem ser conhecidos e ficar sempre abaixo do seu Critério de Aceitação (CA), que raramente é conhecido. A Indústria Farmacêutica, pode errar no máximo 0,1% e as demais indústria pode errar até 1%, isto em geral, mas estará sempre limitado a seus métodos e procedimentos escritos.
1.1 – Resolução de Balança Digital
Quando quantificamos a resolução do nosso instrumento, podemos errar nesta medida até 100%, ou seja, a própria resolução, isto para todos os instrumentos digitais pelo menos, conforme mostra a figura abaixo:

Desenho 1 – Resolução de uma Balança Digital, com resolução de 1 g.
1.2 – Explicação do Desenho
Nota 1: Os valores (0,5 e 1,49), estão aí para nos ajudar no desenho, mas a balança não consegue mostra-los para nós já que a resolução é 1 g.
Se colocarmos nesta balança 0,5 g ou 1,49 g, o display mostrará sempre (1g). E, (1,49 – 0,5)g, corresponde a própria resolução, por isso que as balanças vem com um peso mínimo indicado, que normalmente é 30, 50 ou até 100 vezes a resolução (e) Valor de Verificação, onde o fabricante não garante a qualidade da pesagem, e por isso devemos evitá-las.
Voltando a falar de erro, em alguns casos até se calibra as vidrarias, mas não faz uso do erro, e neste caso é ainda pior, do que quando nada se calibra, porque gastou-se dinheiro, mas continua cometendo os mesmos erros do passado e ainda aumentou seus custos com calibração e identificação dos itens.
Nos mais de 40 anos que temos com medição e depois de 1992, com calibração e emissão de um certificado de calibração, já encontramos itens volumétricos com valor nominal de 20 mL, dando (13, 14 e 15) mL e, também já encontramos valor nominal de 10 mL, dando até 16 mL, ou seja 60% de erro. Se este artigo estivesse e, estava em um Laboratório Farmacêutico, onde por norma se pode errar até 0,1%, o erro encontrado era só 600 vezes maior do que o tolerado. Na maioria das vezes, estes artigos não eram de marcas ruins, o que ajuda a piorar. Outro problema, é que o usuário não percebe este tipo de erro, por maior que seja, e o estrago provocado nas suas análises é sempre muito desastroso e de difícil solução. Só calibrando você terá estas respostas, para descartar aqueles equipamentos que não tem ajustes desses erros sistemáticos, tais como termohigrômetro digital, itens de vidros, termômetros de líquido em vidro (TLV) etc.
Uma grande indústria de bebidas da Região, jogou lote de bebidas fora, porque a micropipeta (nova), utilizada sem calibração, dispensava em 0,3 µL, quando na verdade deveria dispensar 0,2 µL, ou seja, um erro de 50%.
1.3 – Quando se deve calibrar um equipamento?
A primeira resposta é:
i – quando é novo, depois vem;
ii – quando tiver dúvidas acerca dos seus resultados;
iii – quando vencer a calibração (cronograma);
iv – quando usar em um ácido ou uma base forte, (vidraria);
v – quando tiver mau uso ou queda etc.
1.4 – Classificação das Vidrarias
Uma vidraria classe (A), é identificada pela letra A, grafada em seu corpo junto com a temperatura de referência, onde a mais é utilizada é 20°C.

Isto significa que um Balão Volumétrico de 100 mL, sendo Classe A, pode errar no máximo 0,06 mL, porque senão seria Classe B, e é aqui onde se comete os maiores erros, já que teoricamente, um Classe B, poderia errar o dobro da Classe A, mais alguns fabricantes aproveitam qualquer item e não descarta aqueles que ultrapassam a Classe B.
1.5 – Calibração de Lotes
As calibrações por lotes, não tem nenhum valor metrológico e deve ser evitado a qualquer custo.
1.6 – Adulteração da Classe
Alguns importadores compram vidros que poderiam ser considerados Classe C, classe normalmente atribuída, aos artigos de plásticos em geral, e grafa no seu corpo com letras bem diferentes daquelas vindo de fábrica tal como a capacidade (em mL), que faz a inserção da letra (A) e da temperatura de referência (20°C) e os vende como sendo Classe A. Sempre que comprar um vidro de marca duvidosa, peça a calibração em laboratório RBC de Volume, que estes itens serão automaticamente descartados do seu lote.
1.7 – A Compra de um Grande Laboratório de Pernambuco
Um grande Laboratório de PE, comprou em uma licitação, 4.000 itens que praticamente nenhum pertencia a Classe A, mas todos estavam grafados com sendo, e não se conseguiu devolver estes itens, acabou servindo para fazer coletas e o Órgão abriu nova licitação, para comprar os itens com a classe que precisava. Peça amostra antes de fechar a compra, quando não se pode especificar marca, como é o caso dos Órgãos Públicos.
2.0 – COMO CORRIGIR OS ERROS DE VIDRARIA
A correção dos itens volumétricos é mais fácil, e é perfeitamente possível, de se fazer, já os graduados, torna muito mais difícil, porem dá para corrigir também.
A calibração de item de vidro até 5 anos atrás, falava em 5 anos ou até mesmo eterno, até que caísse no chão, era muito comum ouvirmos isto. Hoje este prazo é máximo 36 meses, isto é o que cobraa CGCRE – Coordenação Geral de Credenciamento, Órgão vinculado ao Inmetro, que acredita Laboratórios RBC – Rede Brasileira de Calibração e RBLE – Rede Brasileira de Laboratório de Ensaio, no Brasil. Os Laboratórios Acreditados (RBC ou RBLE), possuem o mais alto grau de competência deste país e são identificados pelo símbolo a seguir:
2.1 – O que Tem em Um Certificado de Calibração – Vidraria
Junto com a calibração, vem estes dados:
– (VR) – Valor de Referência (Valor Nominal)
– ( VO ) – Valor do Objeto da Calibração;
– ( E ) ou ( C ), atentar porque são termos diferentes.Erro, E = (VO – VR) e Correção, C = (VR- VO);
– ( U ) – Incerteza Expandida;
– ( k ) – Fator de Abrangência;
– ( Veff) – Graus de Liberdade Efetivos.
Nota 2: Todo usuário de calibração tem que saber o que significa cada termo desse, se não souber, pergunte-nos teremos o maior prazer em ajuda-los independente se é cliente ou não da Teclabor Ltda de PE.
2.2 – Como Corrigir o Erro de Um Balão Volumétrico, por Exemplo de 100 mL?
Um balão volumétrico de capacidade 100 mL, encontramos 99,1 mL para o VO (Valor do Objeto).
a) – Dividiremos 99,1 mL / 100 mL, encontraremos o Fator (F = 0,991), para esta calibração, em outras calibrações este fator mudará certamente. Todas as vezes que formos utilizar este balão, teremos que multiplicar ou inserir nos um valor de 99,1 ou multiplicar o display do equipamento que estamos utilizando a solução preparada por este balão por ( F = 0,991).
2.3 – Preparação de Solução, por Exemplo de Brix para usar em Refratômetro (Peso / Peso)
Na preparação desta solução de 30 %Brix:
– Pesamos 30 g de Sacarose (PA) e completamos em um balão volumétrico para 100 g de água destilada. Neste caso não houve erro de medição, porque a proporção foi mantida (30 para 100 g) e não usamos o volume errado do balão e sim apenas a balança.
2.4 – Preparação de Solução Sacarose para uso em Sacarímetro (Peso / Volume)
Na preparação de uma solução para Sacarímetro, equipamento utilizado pelas Usinas e Destilarias para pagamento de cana, pesa-se 26g de Sacarose e completa para 100 mL, utilizando um balão volumétrico desta capacidade. O que acontece que o nosso balão não tem 100 mL, mas só 99,1 mL, com isso nossa proporção foi quebrada. Neste exemplo, estamos concentrando a solução, por isso que temos que multiplicar o valor do Sacarímetro pelo fator (F), que é menor que 1 para diminuir o valor do Sacarímetro que leu a maior pela concentração que fizemos.
Outra saída aqui também seria, não pesar 30 g de Sacarose, e sim (30g – 0,9%) = 29,73 g, e aí completaríamos o valor para a graduação do balão que também lé para menos 0,9% e com isso fica mantida a proporção inicial.
Quando utilizamos este item inserimos nas nossas análises um erro de 0,9% (100 – 99,1) / 100, enquanto que quando usamos uma balança analítica, onde os erros ficam na quarta casa decimal (0,000 5 g), que pesa 100 g, valor próximo a 100 mL, comete-se um erro de 0,000 5 g em média, isto percentualmente falando significa um erro de 0,000 5%, ou seja, 1800 vezes menor que o erro do balão, por isso que afirmamos, que é nas vidrarias que estão seus maiores erros sempre.
2.5 – Itens Graduados
Fica muito mais difícil porque cada valor calibrado e pode chegar a 10 valores teríamos que encontrar um fator para cada valor calibrado e que será utilizado na minha análise. Essa quantidade de fatores, que pode chegar a 10, tornaria meus números trabalhosos e de difícil utilização. Quando calibrar novamente este item, mudarão certamente os valores e por consequência os fatores também, tanto nos graduados como nos volumétricos.

A lógica será para encontrar o fator será o mesmo dos volumétricos, pegamos o Valor do Objeto, dividimos pelo seu Valor de Referência ou Nominal e teremos o fator, só que para cada valor calibrado.
2.6 – Como Utilizar as Vidrarias
Estas devem ser utilizadas da mesma forma como foram calibradas, limpas, secas, e num ambiente a 20 °C, porque os valores da calibração, só valem para esta temperatura ou próxima.
Quando for ajustar o menisco à graduação, deveria se utilizar de lâmpada, lupa, para que melhorasse a qualidade de ajuste do menisco, evitando assim erros desnecessário e a variabilidade das medições.
2.7 – Pipeta com 2 Traços
Pipetas (graduada ou volumétrica), que possuem 2 traços paralelos no seu corpo significa que você retirar a última gota e com um ou nenhum traço, não se retira a última. Se você não estiver atento a isto pode cometer erros consideráveis.
3.0 – Conclusão
Concluindo, temos que olhar para todos os lados, para que os resultados analíticos tenham confiabilidade e a qualidade necessária. Quando houver diluição e, usarmos um item não calibrado, estamos cometendo erros que podem chegar a 1%, dependendo da vidraria utilizada. Micropipetas saem de fábrica errando 0,8% do volume dispensado e com o uso este erro tende a aumentar, independente da marca ou modelo, portanto a calibração, deveria ser feita pelo menos a cada 6 meses, ou menos, dependendo do uso.
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